quarta-feira, 16 de março de 2011

By Mário Quintana ...




Na convivência, o tempo não importa.


Se for um minuto,uma hora, uma vida.

O que importa, é o que ficou deste minuto,

desta hora... desta vida...


By Clarice Lispector ...




"Só este silêncio é minha prece, Senhor,
e não sei dizer mais.
Sou tão feliz em sentir que me calo para sentir mais."


terça-feira, 8 de março de 2011

Petição e Resposta (Emmanuel/Chico Xavier)






Quando te dirijas à Divina Providência rogando algo, não te permitas o mergulho na aflição improdutiva, capaz de conturbar-te o ambiente, retardando a concessão que desejas.
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Entenderás isso facilmente, nas lições mais simples da vida prática.
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Se requisitas do carro uma velocidade mais ampla em face daquela que o trânsito recomenda, sob o pretexto de pressa, inclinas-te, indiscutivelmente para o desastre.
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Na hipótese de exigires da ponte o transporte de carga determinada com o peso muito superior à capacidade de resistência em que se estrutura, com a desculpa de urgência, é provável que a desmanteles.
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Quando espancas um vegetal, impiedosamente, a fim de senhorear-lhe algum fruto, sob o pretexto da fome, estarás reduzindo muitas das futuras possibilidades da árvore em teu prejuízo próprio.
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Em te debruçando num poço, agitando-lhe o fundo, com a desculpa da sede, unicamente lhe
turvas o líquido, tornando-o inadequado à própria saúde.
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Em teus requerimentos à Vida Maior, formulando-os com cuidado e continua no trabalho que o mundo te conferiu, esperando pela manifestação do Poder Divino, através das circunstâncias do caminho em que te encontras.
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Inquietação desnecessária atrasa o socorro previsto.
Sejam quais forem os obstáculos que te surjam à frente, na expectativa do apoio que solicitas dos Céus, não desesperes, nem esmoreças.
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Se a resposta do Mais Alto aos pedidos que fizeste parece demorar excessivamente, é que a tua rogativa decerto reclama análises mais profundas, a fim de que, futuramente, não te voltes contra as leis da vida, alegando haver caído na imprevidência que terá nascido de ti mesmo e não do Senhor que, sabiamente, nos reserva sempre o melhor.
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Tópicos da Irritação (Emmanuel/Chico Xavier)






Se a irritação já se te fez um hábito, pensa nas desvantagens dela para que te livres de semelhante desajuste espiritual.
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Ora, pedindo à Divina Providência a força precisa a fim de que te resguardes na tolerância.
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Imagina o azedume como sendo um espinheiro magnético, arremessando raios de energia
destruidora em todas as direções.
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A intemperança mental nunca auxilia a ninguém.
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Uma frase carregada de aspereza, na maioria dos casos, pode ser figurada como sendo murro no rosto das melhores oportunidades que te procuram.
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Ânimo violento apenas agrava situações e complica problemas.
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O costume de enraivecer-se é um predisponente a moléstias de trato difícil.
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Condenação não edifica.
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Ainda que o coração se te mostre ferido, conversa com serenidade e esclarece com paciência.
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Um gesto de gentileza opera prodígios.

Jesus e Perdão - (Emmanuel/Chico Xavier)








Ensinando o amor para com os inimigos vejamos como procedia Jesus, diante daqueles que lhe hostilizavam a causa e lhe feriam o coração.
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Em circunstância alguma vemo-lo a derramar-se, louvaminheiro, encorajando os que se mantinham no erro deliberado, mas sim renovando sempre o processo de auxiliar com esquecimento de toda injúria.
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Diante da turba que O preferia a Barrabás, o delinquente confesso, não se entrega ao elogio da multidão, mas guarda dignidade e silêncio, tolerando-lhe a afronta.
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Perante Pilatos, o juiz inseguro, não lhe beija as mãos lavadas, mas sim, pela conduta de vítima irreprochável, lhe devolve o espírito inconseqüente à noção de responsabilidade própria.
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Em plena rua, cambaleante sob o lenho do suplício, não se volta para sorrir aos ingratos que lhe cospem no rosto, mas ora por todos eles, confiando-os ao tempo que é o julgador invisível da Humanidade.
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Na cruz não toma a palavra para agradecer a inconstância de Pedro ou a fraqueza de Judas, nem faz voto festivo aos sacerdotes que lhe insultam a Doutrina de Amor, mas a todos contempla, se mágoa, pedindo perdão para a ignorância de quantos Lhe impunham a humilhação e a morte.
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E olvidando os verdugos e adversários, ei-Lo que torna ao convívio das criaturas, em pleno terceiro dia depois do túmulo em trevas, a fazer ressurgir para a Terra enoitada a radiante mensagem da Luz.
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Desculpar aos que nos ofendem não será comungar-lhes a sombra, mas sim esquecer-lhes os golpes e seguir para a frente, trabalhando e aprendendo, amparando e servindo sempre, na exaltação do bem para que o mundo em nós outros se liberte do mal.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Face Oculta - Emmanuel/Chico Xavier



                                                  (Moonlight - created by Manu Arregi Biziola)



                   Viste o malfeitor que a opinião pública apedrejava e anotaste os comentários ferinos de muita gente... Ele terá sido mostrado nas colunas da imprensa por celerado invulgar de que o mundo abomina a presença; entretanto, alguém lhe estudou a face esquerda de sofredor e observou que ninguém, até hoje, lhe ofertou na existência o mínimo ensejo de ser amado, a fim de acordar para o serviço do bem.


              Soubeste que certa mulher caiu em desequilíbrio, diante de círculos sociais que fizeram pesar sobre ela a própria condenação... Alguém, todavia, lhe enxergou a face oculta e leu nela, inscrita a fogo de aflição, a história das lutas terríveis que a acusada sustentou com a necessidade, sem que ninguém lhe estendesse mãos amigas, nas longas noites de tentação.

                     Percebeste a diferença do companheiro que se afastou do trabalho de burilamento moral em que persistes, censurado por muitos irmãos inadvertidamente aliados a todos os críticos que o situam entre os tipos mais baixos de covardia... Alguém, contudo, analisou-lhe a face ignorada, mil vezes batida pelas pancadas da ingratidão, e verificou que ninguém apareceu nos dias de angústia para lenir-lhe o coração, ilhado no desespero.

               Tiveste notícia do viciado, socorrido pela polícia, e escutaste os conceitos irônicos daqueles que o abandonaram à própria sorte... No entanto, alguém lhe examinou a face desconhecida de criatura a quem se negou a bênção do trabalho ou do afeto e reconheceu que ninguém o ajudou a libertar-se da revolta e da obsessão.

          Quando estiveres identificando as chagas do próximo, recorda que alguém está marcando as causas que as produziram.

                  Esse alguém é o Senhor que vê o que não vemos.

                  Onde o mal se destaque, faze o bem que puderes.

                  Onde o ódio se agite, menciona o amor.

                Em toda parte, e acima de tudo, pensemos sempre na infinita misericórdia de Deus, que reservou apenas um Sol para garantir a face clara da Terra, durante as horas de luz, em louvor do dia, mas acende milhares de sóis, em forma de estrelas, para guardar a face obscura do Planeta, durante as horas de sombra, em auxílio da noite, para que ela jamais se renda ao poder das trevas. 


A LIÇÃO DA BONDADE - Meimei/Chico Xavier






Quando Jesus entrou vitoriosamente em Jerusalém, montado num burrico, eis que o povo, alvoroçado, vinha vê-lo e saudá-lo na praça pública.

Muitos supunham que o Mestre seria um dominador igual aos outros e bradavam:
- Glória ao Rei de Israel!...
- Abaixo os romanos!...
- Hosanas ao vencedor!...
- Viva o Filho de David!... Viva o Rei dos Judeus!...
E atapetavam a rua de flores.
Rosas e lírios, palmas coloridas e folhas aromáticas cobriam o chão por onde o Salvador deveria passar.

O Mestre, contudo, sobre o animalzinho cansado, parecia triste e pensativo. Talvez refletisse que a alegria ruidosa do povo não era o tipo de felicidade que ele desejava. Queria ver o povo contente, mas sem ódio e sem revolta, inspirado pelo bem que ajuda a conservação das bênçãos divinas.

O glorificado montador ia, assim, em silêncio, quando linda jovem se destacou da multidão, abeirou-se dele e lhe entregou uma braçada de rosas, exclamando:

— Senhor, ofereço-te estas flores para o Reino de Deus.
O Cristo fixou nela os olhos cheios de luz e indagou:
— Queres realmente servir ao Reino do Céu?
— Oh! sim... — disse a moça, feliz.
— Então — pediu-lhe o Mestre —, ajuda-me a proteger o burrico que me serve, trazendo-lhe um pouco de capim e água fresca.

A jovem atendeu prontamente e começou a compreender que, na edificação do Reino Divino, Jesus espera de nós, acima de tudo, a bondade sincera e fiel do coração.